contos, Crônicas do cotidiano familiar

O sonho da abelha

Eu estava andando em um quarteirão qualquer de Araraquara quando notei que era seguido por uma abelha. Aquele zunir alto perto de mim incomodava e atemorizava, afinal eu não estava a fim de ser picado. Quando virei, percebi que não era uma abelha, era um drone. Nada desses drones modernos, estilosos. Parecia mais um aviãozinho de brinquedo, de plástico, que fazia barulho de abelha. Virei e continuei andando.

Daí o barulho recomeçou e mais forte. Virei e era uma abelha mesmo, e das grandes. Que provavelmente era um drone também. Esse, sim, supermoderno. Ao menos no sonho isso estava mais ou menos claro. Que aquela abelha era um drone.

Foi quando decidi perguntar aos moradores se alguém sabia de quem era aquela abelha. Ninguém sabia, mas, a cada um que eu perguntava, apareciam pra participar da conversa mais dois ou três, que depois chamavam os vizinhos, porque vai que alguém sabe de alguma coisa.

Depois de pouco tempo, o quarteirão estava cheio de pessoas andando pra lá e pra cá no que parecia ser uma festa, na qual ninguém falava mais de abelha ou drone. Pelo contrário, falava-se dos assuntos mais variados. Cruzei com vários amigos, alguns que eu não via há anos, e eu mesmo só fui lembrar da abelha pouco depois de o despertador tocar, quando acordei sobressaltado perguntando: “E a abelha? Ou drone?”.